O material de pesca e a gravata Ermenegildo Zegna
tenho que arrumar
meu material de pesca
por isso n�o posso
come�ar a poesia
uma gota de suor impede o desejo
n�o arrumo
n�o escrevo
est� quente e a vontade � cachorra
ontem comi minha f�mea
no meio do nada
no meio do gosto
no meio da noite
o escuro � vil�o
(� a falta de um formato que produz a d�vida: carretilha ou molinete?)
meu desejo duro na sua boca
meu dedo judiando um peda�o
que � s� meu
e o Tempo assistindo todo o vigor
n�o fazia nada
porque nada a fazer
era sua fun��o no momento
(� o mundo moderno que n�o sabe a quest�o adequada? Qual o melhor anzol?)
subjugado o Tempo
pelo gozo violento
esquece os ponteiros
esquece a morte e seus cheiros
finda a doce guerra
corpos mais vivos
� puro repouso
e o retorno do Tempo
agora t�mido servo
de corpos dormidos
talvez redimidos
de alguma intemp�rie
agridoce tempero dos ventos
retoma seu caminhar
o Tempo
no Tempo
de corpos mais vivos
sem nenhum documento
n�o dorme e n�o sonha
prazeres humanos
e eu ainda sem Tempo
tenho que comprar uma
gravata
Ermenegildo Zegna
para combinar com meu
costume italiano
tamb�m
Ermenegildo Zegna
por isso n�o posso terminar a poesia
que o Tempo n�o come�ou
minha alma vociferou
rid�culo
a alma
e o vociferou
a d�vida � marrom
a quest�o obedece ao mesmo tom
fosse o terno mais terno
talvez n�o fosse t�o bom
(� em alguma superf�cie ou pele que a compreens�o da vida acontece?)
tecido nobre
poema pobre
trabalhado � m�o
pele macia
marrom
paralelo escolar
(explica��o: o tecido do terno no mesmo tom)
uma caixa que chega pelo sedex
compre pela internet!
existe pobreza na alma
existe riqueza na alma
dif�cil caminho
talvez virtual
porque finito
e eu sem Tempo
de fazer um poema
porque o mundo me arrebentou
um peda�o arruma
um peda�o compra
e o peda�o que vive
e ama
est� muito bem vestido
reverencia o mar
e ainda � capaz (n�o tenha medo)
de morrer
algumas vezes
sob ritmo bestial e
macio
de
um
surpreendente
baterista de Jazz